terça-feira, 5 de maio de 2020

Entrevista exclusiva com o produtor de shows Edu Pisca

"Foi no Cavalera Conspirancy ou no Soulfly, não lembro. Foi um que o Pisca trouxe ... eu tinha quebrado o tornozelo quatro dias antes e aí tava de gesso e muleta na porta. Falaram que não poderia entrar porque era perigoso e tal, mas o pisca falou: "se o cara quer ver, veio de longe quebrado. Deixa ele, mas só vai sem muleta." (risos) quando tocou Refuse Resist eu já tava lá no mosh igual um saci."
Harley Caires, Underground Extremo.

O entrevistado de hoje, é um cara que proporciona emoções, faz acontecer conquistas inimagináveis para milhares de fãs da boa musica, levando ao público o tão sonhado momento de presenciar a banda que muda a filosofia de vida dos amantes da boa música. 

Edu Pisca tem mais de 20 anos de produção de eventos, conduzindo a sua bem sucedida empresa, a Pisca Produtora. Nosso entrevistado sonha em voltar a produzir seus eventos com dias normais, faça chuva, faça sol, sempre com responsabilidade e sabendo que o respeito do público e do artista cresce junto ao seu excelente trabalho a cada evento.
Recentemente ele comemorou o 1° evento em parceira com o Bar Opinião em Porto Alegre, um bar respeitadíssimo na grande capital gaúcha, e assim começamos perguntando: por onde iniciou a Pisca produtora de eventos?

"A ideia na verdade aconteceu ao natural, eu tinha banda, isso nos anos 90 em Porto Alegre, a gente não tinha local para tocar, os bares não contratavam assim, e aí eu resolvi fazer o próprio show da banda, eu produzi o próprio evento. Aí eu fui lá na casa do show, paguei o aluguel, e fiz toda a projeção do evento, todas as peças elementares para o evento rolar, pra fazer um show da minha própria banda. Daí colou tudo bacana, deu certo, até sobrou uma graninha(risos) e aí teve bandas que me falaram "poh e aí meu, poem minha banda pra tocar junto ao teu evento" e aí eu fiz o segundo evento com mais bandas, aí já rolou um festival no terceiro evento, quando vi eu tava fazendo eventos de outras bandas, sem ser a minha banda. Então quando vê eu tava promovendo eventos de bandas de fora da cidade, que entraram em contato comigo, e o bar foi super atencioso também nos eventos que eu estava fazendo certinho, questão de horários, vendas de ingressos, divulgação, cronograma do evento, Dj's, atrações, e aí começou a abrir mais portas pra mim em outros lugares, já me chamavam para fazer eventos em outras casas. Então começou assim, a produtora. Eu não pensava em ser produtor de eventos, mas é que foi dando certo, e fui caindo neste mundo de produção."

Durante sua trajetória na área de eventos, você já se deparou com um imprevisto difícil de ser contornado? Como você lidou com essa situação?

"Então, por trabalhar direto com o público, você tem que ter uma mega atenção redobrada, porque tu é o linha de frente de um evento que vai locomover muitas pessoas trabalhadoras como questão de público, então você tem que fazer sempre tudo para dar muito certo, mas ás vezes tem coisas que fogem do teu alcance, e acabam dando alguns imprevistos. Eu acho que o meu imprevisto mais difícil foi eu comprar um show de uma banda de fora do Brasil, que veio fazer turnê no Brasil, e comprei algumas datas para fazer em algumas cidades, e quem está trazendo a banda ao Brasil acabou falhando em alguma parte de documentação, e impossibilitou a banda de vir ao país fazer o show na data marcada,e aí tivemos que re-marcar tudo novamente, em cima da hora, avisar o público, devolver o dinheiro para quem se sentiu lesado, então acho que um dos imprevistos mais difíceis é estes aí, que exige um trabalho redobrado e muitas vezes foge do teu alcance, não tá pra ti decidir o que pode ser feito. Então acho que uma das tarefas mais difíceis, destes empecilhos, eu diria que é estes momentos de shows, de turnê que acontece alguma coisa com o músico da banda, que ele não pode vir pro Brasil, questão de doença também é uma coisa que exige um pouco, meio que um trabalho em atenção com o público, porque as vezes o público fica brabo com a produtora, com o dono da casa de shows, coisas que nem temos culpa."
E qual foi o evento mais gratificante que você fez?

"O show mais gratificante... eu vou te dizer os shows mais gratificantes. Poh, foram diversos sabe, acho que o mais gratificante é quando você promove um show com a banda que tu é muito fã. Os teus ídolos, isso é a parte mais gratificante. Nem questão de dinheiro, é a questão de realização pessoal e profissional. Eu já trabalhei no Rock In Rio em duas edições, trabalhei na parte de produção também de 12 edições da virada cultural que acontece em São Paulo, e diversos eventos com turnês, com bandas que eu amo, então eu acho isso muito gratificante. Eu acho que se eu ficar citando aqui eu vou me perder, mas trabalhar com bandas como Krisiun, que eu fui empresário do Krisiun bons anos, Matanza também fui empresário bons anos, mas acho que os shows que eu consegui realizar com a produção mais gratificante deve ficar com o Sepultura, Krisiun, Soulfly. Eu consegui fazer o primeiro show do Max Cavalera, líder do Soulfly, na cidade de Florianópolis. Ele nunca tinha se apresentado com o Sepultura, então eu acho que foi bastante gratificante trazer um ídolo master que é o Max Cavalera, palavras do próprio Max que falou pra mim. Então acho que foi uma coisa bem gratificante sabe, e também fazer uma turnê com o Soulfly pelo Brasil inteiro, como te falei sou muito fã do Max. Fazer shows com o Motorhead também foi muito gratificante, trabalhar no show do Metallica na questão de produção de palco sabe, consegui chegar perto dos equipamentos dos caras, ver todo o sistema de produção que envolve eles, e também os eventos de grande proporção que eu já fui contratado pelas produtoras para atuar, como o show do Roger Waters, Rush e Red Hot Chilli Peppers, e aí vai."
Em um destes momentos gratificantes, o nosso amigo de imprensa, Maykon Kjellin, participou de um evento em que o Edu estava presente, e o relato é de pura nostalgia: "A maior lembrança que tenho com o Pisca foi no Agosto Negro. Não lembro agora em qual edição, nós estávamos na área de imprensa e ele foi lá, sentou, batemos um papo musical muito legal, ele me falou assim: "cara, hoje eu produzo o Krisiun, mas já faz muito tempo que eu conheço os caras, e eu lembro de chegar na casa do Max Kolesne, e ele estava lá escrevendo release de caneta, folha por folha, para mandar pra imprensa. Quando tinha fita, mandava junto, mandava adesivo da banda, ele não tinha dinheiro pro xérox, Max colocava no envelope, ficava lambendo selo, era uma parada muito louca". Depois ele elogiou o Subsolo e fiquei muito feliz pelo reconhecimento do cara. O bicho é da hora!"

E você consegue comparar a produção nacional com o que é feito lá fora? O que é feito no Brasil muito bem e o que, digamos assim, nós perdemos para os outros países?

"Eu tive a experiência de fazer turnê em 10 países, eu já fui pra Europa, consegui fazer com o Krisiun uns festivais de grande importância, até em bares menores também, HellFestival na França, Full Force Festival na Alemanha, fiz aqui também, muita América do Sul, Colômbia, Venezuela, Chile, Uruguai, Argentina, e a questão eu acho que é questão de estrutura e organização. Realmente a nós brasileiros as vezes deixamos a desejar para os eventos internacionais em termos de estrutura, equipamentos de palco, equipe técnica, não falando que o Brasil é bagunçado, não, de maneira alguma. Aqui tem muitas produtoras que fazem estilo nível internacional, como se fala né, o Brasil não deixa nada a desejar, mas em termos de estrutura e organização eu vejo que em alguns países que eu fui tem mais profissionalismo nessa parte. As vezes aqui no Brasil tu vai fazer alguns shows e os caras não são, tanto pessoal de bar quanto equipe, o que for, independente de sua função, acabam deixando a desejar a questão de profissionalismo 100% profissional. Aquela questão mais radical, as vezes nós levamos mais no oba oba aqui no Brasil. Então acho que tem uma certa diferença, eu acho que eles lá tem um pouco mais de estrutura e condições de fazer o negócio andar mais, até tem a questão econômica dos países, mas aqui também tem eventos super organizados, produtores de alto nível profissional, casas de shows, bandas, como também lá fora tem bandas que não são tão profissionais, mas acho que a diferença é questão de estrutura. Eles tem mais acesso a equipamentos, as casas de shows tem um pouco mais de estrutura técnica pra você fazer o evento."

E qual a principal motivação que você tem de continuar trabalhando após anos de estrada nesse ramo?

"Eu acho que a principal motivação é eu gostar de fazer isso aí, entendeu? Não é nem questão financeira, sim hoje eu vivo já da produtora a mais de 20 anos que eu produzo evento, então eu acho que a unica motivação é que eu gosto de fazer isso aí. Fico me divertindo vendo muitas pessoas realizando seus sonhos de conhecer seus ídolos, então a principal motivação é isso aí, sempre tá tentando fortalecer a cena do Brasil, que nós temos ótimas bandas, ótimos produtores, ótimas casas de shows, o público também é maravilhoso. É fazer a cultura do Brasil ficar cada vez mais solidificada."

E recentemente houve um adiamento do show da Nervosa, esta que é uma banda que deu o que falar nestes últimos dias devido a separações, porém a banda seguirá em frente. a Pisca não abriu mão deste evento, o que levou a produtora manter a data, fora claro, a confirmação que a banda terá novos integrantes?

"Sim né, devido a Nervosa e a questão da pandemia teria de ser trocada a data, iria ser dia 29 de maio e até lá não está nada autorizado, e sem falar na troca das integrantes da banda. Saiu 2 integrantes da banda e no caso parece que já vai entrar duas meninas também, e a banda vai continuar. Então quando a banda estiver tudo OK para voltar aos palcos, nós faremos o show pela primeira vez também em Florianópolis o show da Nervosa. A produtora nunca se preocupou em cancelar show, e sim cada vez aumentar o número de shows para mais pessoas terem acesso a estes eventos."
Qual o conselho fundamental que você deixa para quem quer começar a trabalhar como produtor de shows e eventos?

"O conselho que dou é que a pessoa tem que seguir com muita segurança, responsabilidade e caráter porque lidar com o público nunca foi fácil, e a pessoa não pode nunca enganar o público. O público é a razão de todo o evento acontecer, então tem que ter este respeito, esse respaldo ao público então o que eu diria é isso aí. Quem quer começar, seja bem vindo ao mundo maluco de produção, e leve com muita seriedade esse trabalho porque envolve muitas pessoas, muitos serviços, e você é o responsável geral por tudo. Se alguma coisa dar de errado no evento é você que vai pagar por isso, então não é brincadeira, nunca faça o povo de bobo e traga bastante shows pra sua cidade, faça show com bastante bandas da sua cidade para dar valor a cena local que é muito importante, independente se for show ou teatro."

Beleza, agradeço pela sua atenção, deixe sua mensagem final aos leitores:

"Cara, quem agradece a oportunidade sou eu, de estar me comunicando contigo, com todo teu público, muito obrigado pelo espaço e divulgações assim que são importantes. Cada vez mais nós propagarmos a cultura, e esses meios de comunicações que colaboram muito."

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